Ademir Demarchi
o opala em que morreu acidentado jk o dodge dart em que morreu benvenutto, mensageiro de jango a lada do collor o fusca do itamar granito, o cavalo do figueiredo o puma explodido do rio centro a rural willys 28 preta e branca e sem vidros da polícia na época da ditadura o calhambeque do roberto carlos a brasília amarela dos mamonas assassinas o fiat 147 primeiro carro a álcool, símbolo de pujança do agronegócio o fiat uno e seu cinto de segurança falho que matou chico science a moto honda cg125 que atropelou marcelo fromer dos titãs o monza em que se moeu gonzaguinha em pato branco a brasília de maysa que beijou a mureta da ponte rio-niterói a land rover ganha pelo secretário geral do pt de distribuidora da petrobras a williams com que se espatifou ayrton senna o sucatão presidencial boeing 707 o aerolula airbus a319 um teco-teco do agronegócio que espalhou veneno sobre indígenas um jet ski da marinha pilotado pelo recruta zero a motocicleta que inaugurou a motociata uma charrete elétrica do império vinda de petrópolis que modernizou os cavalos uma locomotiva da vale que do próprio nome tirou o rio doce o último veículo da ford fabricado antes dela se raspar um dos velhos tanques do exército que viraram meme ao soltar fumaça preta na frente do palhácio no ato de demonstração de força fake restos do foguete vls do programa espacial brasileiro que explodiu
Ademir Demarchi é poeta, autor de “Gambiarra” (Urutau, 2018).